Quando amar o outro significa esquecer de si mesma: o desafio de priorizar-se
- Gabriela Vilaça
- 30 de jan.
- 3 min de leitura
Muitas mulheres dedicam a vida a buscar o amor: o amor romântico, o reconhecimento de amigos, a aprovação da família. Essa busca pode parecer natural, mas, em alguns momentos, se transforma em um esforço quase exaustivo para agradar, ser aceita e corresponder às expectativas de quem está ao redor. Quando isso acontece, o que sobra para você mesma?
Amar o outro não deveria significar abandonar a si mesma. Mas, infelizmente, muitas mulheres caem na armadilha de fazer exatamente isso. Elas passam a viver em função de agradar o parceiro, de se moldar às expectativas dele e, sem perceber, apagam partes importantes de quem são.
Se você se identifica com isso, saiba que não está sozinha. Esse padrão muitas vezes é resultado de fatores que vão além de você: cultura, criação, traumas e até inseguranças podem contribuir para a ideia de que “se doar ao máximo” é sinônimo de merecer amor. Mas, na prática, essa entrega sem limites gera o oposto: esgotamento emocional, insatisfação e, muitas vezes, um sentimento de invisibilidade.
Por que isso acontece?
Existem vários motivos que podem levar uma mulher a colocar as necessidades de outros sempre em primeiro lugar:
Crenças de infância: Talvez você tenha crescido ouvindo que ser “uma boa mulher” é ser sempre gentil, compreensiva e disposta a abrir mão de si mesma pelo bem dos outros.
Medo de rejeição: A ideia de que, se você não for suficiente ou se impor, o outro pode ir embora pode ser paralisante.
Falta de autoconhecimento: Sem saber o que você realmente quer, é fácil se perder nos desejos alheios.
Excesso de romantização: Filmes, livros e músicas muitas vezes pintam o amor como algo que exige sacrifício constante, mas esquecem de mostrar que um relacionamento saudável exige equilíbrio.
O impacto de viver para agradar
Quando você dedica toda a sua energia para ser amada, muitas vezes começa a ignorar os sinais de alerta da sua própria mente e corpo:
Ansiedade: Será que estão felizes com você? Será que você é suficiente?
Fadiga emocional: Estar sempre disponível para o outro sem se recarregar pode ser exaustivo.
Diminuição da autoestima: Quando você vive para agradar, pode começar a acreditar que só tem valor quando é útil ou aprovada.
Com o tempo, isso pode levar a relações desequilibradas, em que suas necessidades e sentimentos acabam em segundo plano.
Como mudar esse padrão?
Antes de tudo, é importante lembrar que priorizar-se não é egoísmo. Pelo contrário, é um ato de amor próprio que beneficia tanto você quanto suas relações. Aqui estão alguns passos para começar a se reconectar consigo mesma:
Pratique o autoconhecimento: Pergunte-se: “O que eu realmente quero?” ou “Eu faria isso se não estivesse preocupada com a opinião do outro?”
Estabeleça limites: Aprenda a dizer “não” sem culpa. Você não precisa estar disponível para tudo e todos o tempo todo.
Cuide de si mesma: Invista tempo em atividades que nutram seu bem-estar, como hobbies, descanso e autocuidado.
Reflita sobre suas relações: Avalie se você está recebendo tanto quanto oferece. Relacionamentos devem ser uma troca, não uma via de mão única.
Busque apoio: Às vezes, mudar padrões de comportamento exige ajuda externa. Terapia pode ser um espaço seguro para explorar essas questões.
O poder de amar a si mesma
Quando você aprende a se priorizar, algo incrível acontece: você não só se sente mais inteira e segura, como também atrai relações mais saudáveis. Amar a si mesma ensina ao outro como você merece ser tratada. E, mais do que isso, ajuda você a construir uma vida alinhada aos seus valores e desejos.
Lembre-se: o amor que você procura no outro precisa, antes de tudo, existir dentro de você. Não é fácil desconstruir padrões, mas cada passo na direção de se colocar como prioridade é um ato de coragem e transformação. Você merece ser amada – principalmente por você mesma.